Aprendi o significado do minimalismo com a minha irmã. Numa
idade em que nenhuma de nós sabia que isso existia e em que eu, por ser a mais
velha, achava que lhe ensinava coisas a ela.
Mais tarde fui contactando com esta temática por via de
alguma música que me agradou.
Encontrei também algo de minimalismo na meditação.
Mas teimava (e ainda teimo, por força do hábito) em seguir a
“via do complicómetro”: tendo (ou querendo…) mais “coisas” do que realmente
preciso, aceitando mais compromissos do que aqueles que posso cumprir sem
grande stress, estabelecendo metas mais exigentes do que as que realmente me
deixam satisfeita… Em suma, acumulando “tralha” material, mental e espiritual,
que me leva àquela sensação de vazio inexplicável, e com a angustiante
tendência de deixar quase sempre para amanhã o que poderia fazer hoje. Como se
as coisas se resolvessem por elas próprias e o mundo, amanhã, estivesse mais
límpido. Sem esforço da minha parte. Mas novo dia chegava e, invariavelmente, a
coisa recomeçava…
Até que… (espera, que ela encontrou a solução milagrosa e
vai-nos fazer uma revelação bombástica de como a sua vida mudou radicalmente e blá blá blá).
Não. Não é de todo assim.
Como disse no início, aprendi o significado do minimalismo
era miúda. Mas não “ouvi” o que a minha voz interior me queria dizer e deixei
que (maus) hábitos se instalassem.
Pelo que passei uma fase de reaprendizagem e continuo a aprender, todos os dias.
Para mim, o minimalismo não pode ser dissociado da
simplicidade. Acho que são duas das ferramentas fundamentais para (vi)ver o
mundo que me rodeia de um modo pleno.
Estas ferramentas, combinadas com outras (como numa receita
gastronómica que vai variando com o gosto de cada um), permitem-nos ter mais
espaço (físico, mental e intelectual) para as coisas que realmente interessam.
Verdade, hoje em dia já organizei muita “tralha” material,
mental e espiritual. Desde abdicar de roupa e outros objetos que só ocupam
espaço, a simplificar a minha agenda, passando por selecionar os hobbies e
estabelecer prioridades para as minhas rotinas diárias, sinto que já dei alguns
passos no caminho certo. Já me sinto mais em paz comigo própria, mais familiarizada
com o meu silêncio interior.
Mas a guerra continua. Com batalhas diárias, nem
sempre bem sucedidas.
Porque o mundo que nos envolve, hoje em dia, cria-nos dificuldades a todos os níveis (que parecem impossibilidades, mas se as analisarmos bem de perto e com calma, chegamos, mais tarde ou mais cedo, à conclusão que não é bem assim).
(Recentemente, dei-me conta que existe todo um movimento
baseado no minimalismo que se poderá intitular de filosofia ou modo de vida.
Livros, blogues, páginas na internet, grupos no facebook… São bons para alertar
e nos dar algumas ideias da experiência de outras pessoas, do que se vai
pensando por aí, mas não há regras para isto e ninguém melhor que nós próprios
para pôr pés ao caminho e encontrar a direção que mais nos convém).
Independentemente de estar “na moda”, e atendendo a que
considero esta expressão algo pejorativa, sei que tenho ainda muito que
aprender com o minimalismo e com a simplicidade.
E com a minha irmã J.
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